BULDOZER ENTREVISTA ALLAN SIEBER - parte 1
A entrevista com o Allan Sieber rendeu mais do que era esperado. A princípio queríamos fazer uma entrevista rápida, com apenas 15 perguntas e tchau. Mas, como o papo fluiu legal e o cara é super gente fina, esticamos a entrevista para 34 perguntas (!). O Allan respondeu todas as perguntas na moral, mandando bala em tudo e todos. Como a entrevista ficou bem grandinha, vamos dividí-la em 4 partes para o post não ficar gigantesco e não cansar as vistas de ninguém.
Legenda para ignorantes:
LC: Leo Corba
RB: Reinaldo Bruto
AS: Allan Sieber
LM: Lauro Montana
LI: Lima
LC: O "Santa de Casa" está longe de ser uma produção lo-fi, no estilo "Dogma 1,99", né?
AS: Não. É totalmente...bem animado, assim, sofisticado. Eu tentei trazer ele pra cá, mas na verdade eu esqueci!
LC: [risos] Ah, só.
AS: Eu cheguei a separar o DVDzinho lá, mas na correria eu esqueci. Eu queria passar na sessão...
LC: E como funciona essa transição aí? Porque "Deus é Pai" é do caralho mas é uma bagaceira, 16 quadros e tal, aí tu de repente vai pro "Santa de Casa" que é outro esquema. Como é que isso funciona no esquema da Tosco?
AS: Ah, é que, na real, a história do "Santa de Casa" foi na verdade o primeiro filme...é, o primeiro curta lá da Tosco, que não é um roteiro totalmente meu. Eu peguei uma história do Aldir Blanc, que é um cara que eu gosto muito e tal, é um puta cronista, e aí resolvi adaptar isso junto com um amigo meu, o Leonardo. A história é sobre carnaval no Rio e tal. Então tem blocos de carnaval, tem multidões de foliões, bares lotados, então realmente o filme pedia uma animação sofisticada, não tinha como fazer um negócio picareta, assim. Não que eu tenha, tipo "não, realmente é uma merda fazer filme pelo Dogma 1,99!". É que esse filme realmente...
LC: Não cabia, né?
AS: É, não cabia. Ia ficar ridículo. Tinha que ser realmente uma armação mais consistente. Que aí, puta, demorou horrores, demorou dois anos para ser feito, que eu acho ridículo. Dois anos pra fazer um curta é uma imbecilidade [risos].
LC: Tem algum plano da Tosco pra produzir um desenho do Capitão Presença? É que tá todo mundo falando disso.
AS: Cara, a gente tava falando com o Arnaldo esses dias aí. Pô, na real, se eu tivesse tempo eu produziria de bom grado junto com o Arnaldo, claro. Um piloto, alguma coisa do Capitão Presença que eu acho muito gênio, assim, um personagem muito...você viu o livro?
LC: Ô, é do caralho!
AS: Eu acompanhei o Arnaldo meio que montando a parada, mas eu só vi o trabalho todo pronto de cabo a rabo quando o livro saiu e, puta, não tinha lido nada e achei muito engraçado, assim. É realmente engraçado. Mesmo pra quem não é maconheiro nem nada. Se a Conrad investir, divulgar bem esse livro, pode virar um best-seller, né? Tem muito maconheiro [riso geral], o livro é bom...
LM: Mas você não tem acompanhado as vendagens?
AS: Do Arnaldo não tem como porque a gente só vai ter esse retorno daqui a dois meses. A Conrad acerta de três em três meses.
LM: Previamente tu não sabe se já vendeu pra caramba?
AS: Não, não. A Conrad pode ter essa noção por pedido de loja e tal, mas daí a ser vendido eu realmente não sei...
RB: Como é a tietagem de fã de quadrinhos? Acontece que nem na fotonovela da "F"#4? Ou só tem marmanjo atrás de ti?
AS: Cara, atrás de mim não tem ninguém [risos].
RB: Não foi nesse sentido a pergunta. A gente não pensou nessa babaquice...
LC: Finge que a pergunta é normal. Não tem nada dessa abordagem.
AS: Não, é verdade, não tem esse glamour aí, cara. Aquilo ali é o que dá pra chamar de uma ficção mesmo, né?
RB: Científica?
AS: É, quase científica. Pura fantasia. Na verdade o público de quadrinhos é horrível...
LC: Pô, valeu [risos]!
LM: Valeu!
AS: A maioria é homem...
LM: É nerd...
RB: É cara com pergunta imbecil...
AS: É, tipo isso. Subespécies [riso geral].
RB: Existe alguém ou um determinado assunto que você tem medo de zoar?
AS: Cara, tem coisas que obviamente você, hã...pô, sei lá, eu jamais faria umas piadas sacaneando Maomé, por exemplo, entendeu?
RB: Você quer ficar vivo, né?
AS: É, porque é uma coisa bem básica, assim, sei lá...
LM: Você não quer ficar tipo o Salman Rushdie, né, cara [risos]?
AS: ...não vou fazer uma piada com, sei lá, o Marcola sendo enrabado, entendeu? Tem umas coisas que realmente você, pô, você vai...
LC: Autopreservação mesmo.
AS: Autopreservação, né? O PCC, o islã, tem coisas que você realmente tem que pensar duas vezes. Mas, tirando essa coisa de segurança pessoal, eu não tenho nenhum medo de tirar sarro de religião, sexo, racismo e tal.
LC: Tem uma tira sua lá no "Preto no Branco" que você diz que alternativo é o caralho, que por grana você se vende e ainda passa a nota. Até que ponto isso é verdade?
AS: É bem verdade [riso geral]. É que, esse negócio de se vender, isso aí é muito clichê, é muito...é meio...não existe muito isso de se vender. Assim, sei lá, como se alguém fosse chegar pra mim e fosse falar "olha só, você agora vai ganhar muito dinheiro [risos], mas você vai ter que fazer, sei lá, uma turma concorrente da Mônica e do Cebolinha". Tipo, esse tipo de coisa não existe assim.
LC: Não acontece, né?
AS: Não acontece, entendeu?
LC: Se acontecesse era na hora, né?
AS: Não, eu não faria. Esse negócio de se vender é muito relativo. Agora, obviamente, pô, eu tenho uma produtora de animação lá no Rio. Obviamente eu faço muita coisa que não me agrada, que não é do meu estilo, tipo publicidade, umas coisas lá pra Globo e tal. Mas, enfim, é dinheiro, entendeu? Se isso é se vender...é um trabalho, não é uma coisa autoral, assim. Então eu faço qualquer coisa mesmo por dinheiro, não tenho nenhuma culpa nesse sentido.
LC: Perguntinha mais básica: como é que você, o Arnaldo e o Leo se conheceram? De onde veio a idéia de lançar uma revista demente?
AS: Cara, eu conheci o Leo assim de...ele fazia um zine chamado "Criptoris", isso em 90, sei lá, 94, 95...e aí a gente meio que se correspondia. Eu mandava uns zines lá pra ele no Rio, na época eu morava em Porto Alegre, e ele me mandava umas revistas lá. Aí, quando em fui morar no Rio em 99, a primeira pessoa que eu...quer dizer, a única pessoa que eu conhecia na verdade era o Leonardo. Aí cruzei com ele lá, a gente começou a trocar essa idéia de fazer uma revista e tal, uma coisa que não tinha na banca há muito tempo, tipo "Animal", "Chiclete com Banana" e tal. E aí por fim a gente conheceu o Arnaldo em 2003, assim, por acaso. Eu conhecia o blog dele e pagava pau, achava muito engraçado. E aí um dia ele apareceu com o Matias Maxx lá na Tosco. Caralho, eu não entendia muito bem o que ele falava, ele fala muito rápido, assim, fez uma cara de maloqueiro, camisa do Flamengo e tal [risos] . E eu, tipo, "quem é esse cara?" [risos]. Aí depois eu fui entender que ele era o Arnaldo. Eu disse "caralho, você é o Arnaldo!". E aí, com o Arnaldo virando nosso amigo aí a gente começou a falar sério mesmo sobre o negócio de fazer a revista, e , aí, no final de 2004, depois de quase 6 meses conseguindo uma editora e alguém que financiasse e blá, blá, blá, a gente lançou a "F" número 1.
RB: A "F" veio pra ficar? Como é que está o retorno da galera? Já deu pra comprar a sua cobertura na Barra?
AS: Cara, eu compraria uma cobertura no Leblon e tal. Nesse exato momento que as revistas foram recolhidas da banca, né? Essa "F" editada pela Conrad.
RB: Essa 4?
AS: Essa 4, é. Tinha aqui pra vender assim? Vocês encontravam em banca e tal?
LC: Em banca, não. Só na Kingdom [loja especializada em quadrinhos aqui de Brasília].
AS: Ah, é? Banca normal não tinha?
LI: Chegou depois em pouca banca. A distribuição da Conrad aqui é meio enrolada.
AS: Eu acho que nesse primeiro número eles priorizaram Rio e São Paulo, talvez, não sei. Mas engraçado, pô, tem gente em Fortaleza, BH...eu tava em Porto Alegre e fui numa banca obscura na puta que pariu e tinha uma "F" lá. É meio zoado, eu não sei. Mas, enfim, eu não sei se vendeu bem a "F". A idéia da Conrad é investir em três números e com uma tiragem boa, né? Tipo 30.000 e tal. Pô, as nossas tiragens, a [revista "F"] 1, 2 e 3 tinham, sei lá, variavam de 5 a 8 mil, que não cobre muita coisa, falando de uma coisa séria mesmo, né? Que tem pra vender nas bancas...e aí agora é ver, eles não tem nenhuma restrição quanto a conteúdo, eles deixam totalmente na nossa mão pra gente fazer.
RB: Então você não sabe muito bem como está a vendagem?
AS: Não, não sei.
RB: Você não tem esse controle, né?
AS: Não tenho. Eles nos repassam, mas eles não têm ainda pra nos repassar, entendeu? Eu tenho ouvido muita gente, assim, que não é do meio de quadrinho e tal que me falou "ah, eu vi uma revista; alguém me falou da sua revista" e tal. Não sei, acredito que talvez tenha ido bem. Espero que tenha ido bem.
LM: Mas no saldo bancário até agora...
AS: Não, até agora não. Eles pagam uma grana X lá pra gente produzir a revista, que isso aí não...a gente só paga os nossos colaboradores, o diagramador, o fotógrafo e tal. E a grana que a gente ganharia na banca, a porcentagem no preço de capa.
A entrevista com o Allan Sieber rendeu mais do que era esperado. A princípio queríamos fazer uma entrevista rápida, com apenas 15 perguntas e tchau. Mas, como o papo fluiu legal e o cara é super gente fina, esticamos a entrevista para 34 perguntas (!). O Allan respondeu todas as perguntas na moral, mandando bala em tudo e todos. Como a entrevista ficou bem grandinha, vamos dividí-la em 4 partes para o post não ficar gigantesco e não cansar as vistas de ninguém.
Legenda para ignorantes:
LC: Leo Corba
RB: Reinaldo Bruto
AS: Allan Sieber
LM: Lauro Montana
LI: Lima
LC: O "Santa de Casa" está longe de ser uma produção lo-fi, no estilo "Dogma 1,99", né?
AS: Não. É totalmente...bem animado, assim, sofisticado. Eu tentei trazer ele pra cá, mas na verdade eu esqueci!
LC: [risos] Ah, só.
AS: Eu cheguei a separar o DVDzinho lá, mas na correria eu esqueci. Eu queria passar na sessão...
LC: E como funciona essa transição aí? Porque "Deus é Pai" é do caralho mas é uma bagaceira, 16 quadros e tal, aí tu de repente vai pro "Santa de Casa" que é outro esquema. Como é que isso funciona no esquema da Tosco?
AS: Ah, é que, na real, a história do "Santa de Casa" foi na verdade o primeiro filme...é, o primeiro curta lá da Tosco, que não é um roteiro totalmente meu. Eu peguei uma história do Aldir Blanc, que é um cara que eu gosto muito e tal, é um puta cronista, e aí resolvi adaptar isso junto com um amigo meu, o Leonardo. A história é sobre carnaval no Rio e tal. Então tem blocos de carnaval, tem multidões de foliões, bares lotados, então realmente o filme pedia uma animação sofisticada, não tinha como fazer um negócio picareta, assim. Não que eu tenha, tipo "não, realmente é uma merda fazer filme pelo Dogma 1,99!". É que esse filme realmente...
LC: Não cabia, né?
AS: É, não cabia. Ia ficar ridículo. Tinha que ser realmente uma armação mais consistente. Que aí, puta, demorou horrores, demorou dois anos para ser feito, que eu acho ridículo. Dois anos pra fazer um curta é uma imbecilidade [risos].
LC: Tem algum plano da Tosco pra produzir um desenho do Capitão Presença? É que tá todo mundo falando disso.
AS: Cara, a gente tava falando com o Arnaldo esses dias aí. Pô, na real, se eu tivesse tempo eu produziria de bom grado junto com o Arnaldo, claro. Um piloto, alguma coisa do Capitão Presença que eu acho muito gênio, assim, um personagem muito...você viu o livro?
LC: Ô, é do caralho!
AS: Eu acompanhei o Arnaldo meio que montando a parada, mas eu só vi o trabalho todo pronto de cabo a rabo quando o livro saiu e, puta, não tinha lido nada e achei muito engraçado, assim. É realmente engraçado. Mesmo pra quem não é maconheiro nem nada. Se a Conrad investir, divulgar bem esse livro, pode virar um best-seller, né? Tem muito maconheiro [riso geral], o livro é bom...
LM: Mas você não tem acompanhado as vendagens?
AS: Do Arnaldo não tem como porque a gente só vai ter esse retorno daqui a dois meses. A Conrad acerta de três em três meses.
LM: Previamente tu não sabe se já vendeu pra caramba?
AS: Não, não. A Conrad pode ter essa noção por pedido de loja e tal, mas daí a ser vendido eu realmente não sei...
RB: Como é a tietagem de fã de quadrinhos? Acontece que nem na fotonovela da "F"#4? Ou só tem marmanjo atrás de ti?
AS: Cara, atrás de mim não tem ninguém [risos].
RB: Não foi nesse sentido a pergunta. A gente não pensou nessa babaquice...
LC: Finge que a pergunta é normal. Não tem nada dessa abordagem.
AS: Não, é verdade, não tem esse glamour aí, cara. Aquilo ali é o que dá pra chamar de uma ficção mesmo, né?
RB: Científica?
AS: É, quase científica. Pura fantasia. Na verdade o público de quadrinhos é horrível...
LC: Pô, valeu [risos]!
LM: Valeu!
AS: A maioria é homem...
LM: É nerd...
RB: É cara com pergunta imbecil...
AS: É, tipo isso. Subespécies [riso geral].
RB: Existe alguém ou um determinado assunto que você tem medo de zoar?
AS: Cara, tem coisas que obviamente você, hã...pô, sei lá, eu jamais faria umas piadas sacaneando Maomé, por exemplo, entendeu?
RB: Você quer ficar vivo, né?
AS: É, porque é uma coisa bem básica, assim, sei lá...
LM: Você não quer ficar tipo o Salman Rushdie, né, cara [risos]?
AS: ...não vou fazer uma piada com, sei lá, o Marcola sendo enrabado, entendeu? Tem umas coisas que realmente você, pô, você vai...
LC: Autopreservação mesmo.
AS: Autopreservação, né? O PCC, o islã, tem coisas que você realmente tem que pensar duas vezes. Mas, tirando essa coisa de segurança pessoal, eu não tenho nenhum medo de tirar sarro de religião, sexo, racismo e tal.
LC: Tem uma tira sua lá no "Preto no Branco" que você diz que alternativo é o caralho, que por grana você se vende e ainda passa a nota. Até que ponto isso é verdade?
AS: É bem verdade [riso geral]. É que, esse negócio de se vender, isso aí é muito clichê, é muito...é meio...não existe muito isso de se vender. Assim, sei lá, como se alguém fosse chegar pra mim e fosse falar "olha só, você agora vai ganhar muito dinheiro [risos], mas você vai ter que fazer, sei lá, uma turma concorrente da Mônica e do Cebolinha". Tipo, esse tipo de coisa não existe assim.
LC: Não acontece, né?
AS: Não acontece, entendeu?
LC: Se acontecesse era na hora, né?
AS: Não, eu não faria. Esse negócio de se vender é muito relativo. Agora, obviamente, pô, eu tenho uma produtora de animação lá no Rio. Obviamente eu faço muita coisa que não me agrada, que não é do meu estilo, tipo publicidade, umas coisas lá pra Globo e tal. Mas, enfim, é dinheiro, entendeu? Se isso é se vender...é um trabalho, não é uma coisa autoral, assim. Então eu faço qualquer coisa mesmo por dinheiro, não tenho nenhuma culpa nesse sentido.
LC: Perguntinha mais básica: como é que você, o Arnaldo e o Leo se conheceram? De onde veio a idéia de lançar uma revista demente?
AS: Cara, eu conheci o Leo assim de...ele fazia um zine chamado "Criptoris", isso em 90, sei lá, 94, 95...e aí a gente meio que se correspondia. Eu mandava uns zines lá pra ele no Rio, na época eu morava em Porto Alegre, e ele me mandava umas revistas lá. Aí, quando em fui morar no Rio em 99, a primeira pessoa que eu...quer dizer, a única pessoa que eu conhecia na verdade era o Leonardo. Aí cruzei com ele lá, a gente começou a trocar essa idéia de fazer uma revista e tal, uma coisa que não tinha na banca há muito tempo, tipo "Animal", "Chiclete com Banana" e tal. E aí por fim a gente conheceu o Arnaldo em 2003, assim, por acaso. Eu conhecia o blog dele e pagava pau, achava muito engraçado. E aí um dia ele apareceu com o Matias Maxx lá na Tosco. Caralho, eu não entendia muito bem o que ele falava, ele fala muito rápido, assim, fez uma cara de maloqueiro, camisa do Flamengo e tal [risos] . E eu, tipo, "quem é esse cara?" [risos]. Aí depois eu fui entender que ele era o Arnaldo. Eu disse "caralho, você é o Arnaldo!". E aí, com o Arnaldo virando nosso amigo aí a gente começou a falar sério mesmo sobre o negócio de fazer a revista, e , aí, no final de 2004, depois de quase 6 meses conseguindo uma editora e alguém que financiasse e blá, blá, blá, a gente lançou a "F" número 1.
RB: A "F" veio pra ficar? Como é que está o retorno da galera? Já deu pra comprar a sua cobertura na Barra?
AS: Cara, eu compraria uma cobertura no Leblon e tal. Nesse exato momento que as revistas foram recolhidas da banca, né? Essa "F" editada pela Conrad.
RB: Essa 4?
AS: Essa 4, é. Tinha aqui pra vender assim? Vocês encontravam em banca e tal?
LC: Em banca, não. Só na Kingdom [loja especializada em quadrinhos aqui de Brasília].
AS: Ah, é? Banca normal não tinha?
LI: Chegou depois em pouca banca. A distribuição da Conrad aqui é meio enrolada.
AS: Eu acho que nesse primeiro número eles priorizaram Rio e São Paulo, talvez, não sei. Mas engraçado, pô, tem gente em Fortaleza, BH...eu tava em Porto Alegre e fui numa banca obscura na puta que pariu e tinha uma "F" lá. É meio zoado, eu não sei. Mas, enfim, eu não sei se vendeu bem a "F". A idéia da Conrad é investir em três números e com uma tiragem boa, né? Tipo 30.000 e tal. Pô, as nossas tiragens, a [revista "F"] 1, 2 e 3 tinham, sei lá, variavam de 5 a 8 mil, que não cobre muita coisa, falando de uma coisa séria mesmo, né? Que tem pra vender nas bancas...e aí agora é ver, eles não tem nenhuma restrição quanto a conteúdo, eles deixam totalmente na nossa mão pra gente fazer.
RB: Então você não sabe muito bem como está a vendagem?
AS: Não, não sei.
RB: Você não tem esse controle, né?
AS: Não tenho. Eles nos repassam, mas eles não têm ainda pra nos repassar, entendeu? Eu tenho ouvido muita gente, assim, que não é do meio de quadrinho e tal que me falou "ah, eu vi uma revista; alguém me falou da sua revista" e tal. Não sei, acredito que talvez tenha ido bem. Espero que tenha ido bem.
LM: Mas no saldo bancário até agora...
AS: Não, até agora não. Eles pagam uma grana X lá pra gente produzir a revista, que isso aí não...a gente só paga os nossos colaboradores, o diagramador, o fotógrafo e tal. E a grana que a gente ganharia na banca, a porcentagem no preço de capa.
Continua...
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