sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

COISAS ÚTEIS QUE RECEBO PELA INTERNET

Quem acompanha esse blog conhece minha opinião sobre essa porra de trem-bala...agora, legal foi esse texto que recebi, muito mais embasado:


PEQUI EXPRESS

Há dois meses viajei de Frankfurt a Munichen uma distância de 400 km no IEC
o mesmo trem que nossos bravos lideres pretendem implantar ligando a Capital
Federal a Capital do Pequi (talvez com stop-over em Anápolis).

Bom esse trecho me custou a bagatela de 85 Euros (+ ou - 100 us$) ou seja
300 reais. Bom, acho que os porteiros de prédio com família em Goiânia vão
se beneficiar bastante com isso. Poderiam trabalhar o mês inteiro pra pagar
uma viagem (só de ida) pra Goiânia.

O custo operacional do transporte é altíssimo porque é baseado em
supercondutores de cerâmica que necessitam de um resfriamento absurdo e
constante (que na Alemanha não é necessário 6 meses por ano) mas em Goiás
(calorzinho bom pra quem não conhece) vai consumir 300 vezes mais hidrogênio
que qualquer outro trem no mundo, e a passagem pro Tião porteiro vai subir
em 50%, levando-o a trabalhar não 1 mês, mas 1 mês e meio.

Falando de Goiás (sendo eu expert no tema) fico curioso em saber o que vai
ser das currutelas no caminho...Quando o IEC precisa parar numa currutela
(se não pára, não faz sentido ter um trem, é mais fácil e barato voar), ele
utiliza a mesma estrutura existente dos outros trens, com pequenas
adaptações. Mas o que fazer quando não existe essa estrutura?

Acho que o governador vai construir uma dezena de estações durante todo o
trecho, sendo que cada uma delas vai atender populações menores de 10 mil
habitantes (exceto Anápolis), vai gerar um fluxo "absurdo" de 100 pessoas
por estação, supondo que, sendo bem otimista, 1% da população total viaje
pra Goiânia diariamente (fazer sabe-se lá o que).

O custo da obra num fluxo destes seria algo impagável nas próximas 300
Dinastias Rorizianas. O que mais me fascina é sonhar com a possibilidade de
poder ver meus conterrâneos recebendo treinamento em alemão para operar um
trem de alta tecnologia.

Por outro lado, o imenso fluxo de trabalhadores (com altíssimo incoming
porque pra pagar esse preço não é pra qualquer um) vai poder se beneficiar
dessa velocidade. Imaginem as grandes empresas goianas com sede em
Brasília?!

Por exemplo o diretor executivo da pastelaria Viçosa poderia viajar de
Goiânia ate seu Headquarter na rodoviária de Brasília, obter a quantidade de
massa de pastel desejada para suprir a demanda na filial da avenida Goiás em
Goiânia e voltar, tudo isso em 2 horas!!!

O enorme giro de capital entre essas duas Megalópoles brasileiras iria sem
dúvida alguma trazer uma explosão de progresso ao cerrado, sem contar que
pela primeira vez em Brasília poderiam ser consumidas decentes pamonhas
(feitas no Goiás) e serem entregues ainda quentes na capital federal.

Bom, eu me esforcei muito pra descobrir quais as grandes empresas que
justificariam esse trânsito de pessoal com essa urgência toda, e não consigo
me lembrar de NENHUMA empresa, nem que de médio ou pequeno porte (além da
pastelaria da rodoviária) que precise deslocar mão-de-obra. Salvo engano,
também não imagino que o fluxo de turistas e demais interessados entre as
duas cidades justifique esta insanidade. Aliás, antes de um trem bala,
poderia haver um esforço entre os dois governos para manter uma estrada
decente e 100% duplicada entre as duas Megalópoles.

O próximo passo agora é comprar os Concordes aposentados da British Airways
e tornar real a tão sonhada ponte aérea Alexânia-Cocalzinho...

(Texto publicado no Jornal Opopular de 08/02/2004)