terça-feira, 19 de junho de 2007

OS PODRES DE MARQUINHOS "CHUCK": Batista, o personal killer




Como já adiantei no último post, Marquinhos "Chuck" é amigão do Máicon Naite, um amigo meu que posta por aqui de vez em quando. Seu apelido "Chuck" vem do ator Chuck Norris, pois o cara vive se metendo em merda e sempre consegue sair vivo (ou quase ileso). Marquinhos realmente gosta de viver perigosamente e tem várias histórias bizarras que são a cara deste decadente blog. Para a alegria(?) de nossos leitores, boa parte dessas histórias eu vou poder contar por aqui.

Vamos começar pela história de Batista, o personal killer de Marquinhos...

Alguns anos atrás Marquinhos estava desempregado e resolveu montar uma lojinha de informática. Seguindo os conselhos do pai, Marquinhos abriu a loja em uma área bem localizada aqui de Brasília e, superando todas as expectativas, começou a vender bem mais que o esperado. A grana que entrava deu até para comprar um carro!

Empolgado, Marquinhos resolveu reformar e ampliar a loja. Mesmo com a loja vendendo bem, a grana não era suficiente para bancar a reforma megalomaníaca que ele tinha em mente (o cara queria transformar o segundo andar da loja numa mistura de lan house com boate. Tsc, tsc...). Com a grana curta, Marquinhos foi atrás de uns amigos para descolar uma ajudinha financeira. Como todos os amigos estavam duros, um deles acabou indicando um agiota para Marquinhos pegar um dinheiro emprestado. Quem já mexeu com agiota sabe que com esse povo não se brinca. Agiotas são muito legais e simpáticos, desde que você não atrase o pagamento...

Marquinhos rapidamente entrou em contato com esse agiota e pegou de cara R$14.000,00 emprestado. Como ele chegou no agiota por indicação, ele foi considerado um cara de confiança e tinha o crédito praticamente liberado. Animadão, Marquinhos resolveu torrar parte da grana em besteiras (como festas, anabolizantes, som de carro, putas, churrascos...) e outra parte para quitar umas dívidas antigas. Como ele já tinha torrado parte da grana em bobagem, ele resolveu pegar mais dinheiro emprestado para dar conta da reforma da lojinha. Nisso o tempo foi passando, a reforma da loja ficou mais cara que o esperado, os juros foram se acumulando...e a sua dívida com o agiota chegou a mais de R$30.000,00!

Com o prazo para pagar o agiota estourado e sem grana no bolso, Marquinhos começou a entrar em pânico. O agiota fazia questão de ligar de três em três dias só para lembrar da dívida:

- [Marquinhos] Alô?
- Beleza, mano? Aqui é o Rogério [nome fictício], o agiota.
- Ôpa, tudo tranquilo?
- Não, nada tranquilo! Você tinha que matar nossa dívida na semana passada e até agora nada. Você disse que ia me ligar e nem ligou. Tá de putaria, mano?
- É...cara, segura aí um pouco que eu estou juntando a grana. Relaxa aí, mas eu preciso de mais tempo pra te pagar!
- Quanto tempo?
- Uns três meses...
- Huahuahuahuahua! Tu tá de palhaçada, companheiro. Teu prazo estourou na semana passada! Tô sentindo cheiro de calote nessa jogada.
- N-não, que isso! Eu nunca faria isso! Olha só, é...
- Velhinho, escuta uma coisa: sabe onde eu tô agora? Estou na frente da escolinha do teu irmão pequeno. Daqui a pouco ele tá saindo e tua mãe sempre atrasa pra pegar, né? Já pensou se eu pego teu irmãozinho pra passear e levo ele no meio do mato? Já pensou numa galera tocando o terror com o pirralho?
- ...
- Poisé, filhote! Do jeito que eu tô ficando puto não vão sobrar nem os dentes do moleque. Eu também sei onde fica tua loja e a gente pode passar lá para dar uma geral, o que tu acha? Ou então eu posso chamar uma turma pra bater um lero com teu velho.
- ...
- Enfim, você não tem pra onde fugir, cumpadi! Te dou mais uma semana pra tu me pagar o que deve. Pede grana pro teu pai, tua mãe, parente...sei lá, se vira! Falous!

Ao desligar o telefone, Marquinhos sabia que estava enrolado. Niguém teria R$30.000, 00 para dar de uma hora para outra. Nem se ele vendesse o carro ele conseguiria juntar essa quantia! Desesperado, ele resolve falar com o Cabeça, seu amigo que tem vários contatos no submundo brasiliense:

- Cabeça, tô enrolado! Estou devendo uma fortuna prum agiota e não tenho como pagar! Cara, eu tô fudido!
- É?
- O cara não para de me ameaçar! Ele até sabe onde meu irmão estuda!
- Mano, vou bater um fio com o Humberto. Sabe aquele cara que te vende umas "bombas" de vez em quando? Cara deve saber como te ajudar.
- Porra, cara, mas tem que ser pra ontem!
- Fica frio. Em breve te ligo.

Não demora nem quatro horas e Cabeça liga:

- Cara, é o Cabeça. Seguinte: falei com o Humberto. Ele falou que pode te emprestar o personal killer dele, o Batista.
- Personal killer?
- É! O cara é do mal e resolve qualquer pepino. Já passei teu telefone pro Batista e daqui a pouco ele te liga. Explica teu rolo pra ele que o maluco dá um jeito. E trata o cara bem que o bicho é meio estressado.
- Beleza...

No dia seguinte Batista liga. A conversa por telefone é meio rápida e Marquinhos resolve marcar um encontro ao vivo para explicar melhor sua situação. O local escolhido foi um buteco próximo de sua casa. Quando Batista chega, Marquinhos leva um susto. O Batista era a cara do cantor Amado Batista (essa era a razão do apelido), só que era mais feio e mais fortão. Quando Batista se senta, Marquinhos pede um cerveja e desanda a falar:

- [Explica toda a situação com o agiota]...e é isso, mano! Estou enrolado até o pescoço! Você acha que tem como resolver?
- Fácil, dom!
- Fácil?!?
- É, trampo mole.
- O agiota me ligou ontem. Disse que vai passar na minha loja amanhã com uma galera pelas 18 horas. Se eu não pagar o que devo ele vai quebrar a loja inteira!
- Amanhã eu pinto na tua loja. A gente resolve isso aí em dois tempos. Pode dormir na sussa. E te dizer uma coisa: só estou te fazendo esse favor porque eu tenho uma dívida de sangue com o Humberto. Como ele falou que te conhece eu tô aqui te tratando na brodagem. Tá ligado, dom?
- [Assustado] Tô...
- Mas amanhã a gente resolve isso aí.

No dia seguinte Batista chega na loja de Marquinhos. Eram umas 17 horas. Marquinhos acha estranho que Batista esteja sozinho e puxa conversa:

- Batista, você veio sozinho?
- Claro.
- Mas, cara, o agiota vai vir aqui com uma turma de malacos. Como você vai encarar todo mundo sozinho?!
- Relaxa.
- Já sei! Você veio armado!
- Nem.
- M-mas...o que você vai fazer?
- [Puto] PORRA, DOM! RELAXA! TU PARECE MOÇA! TÁ TUDO SOB CONTROLE!
- [Sem graça] F-foi mal...

Como era combinado, Rogério, o agiota, chega na loja por volta das 18h:15. Ele entra acompanhado de três negões brutamontes. Um dos negões segurava um cano de ferro na mão. Rogério se vira para Marquinhos:

- E a grana, camarada?
- É...

Antes de responder, Batista entra no assunto:

- Tudo na manha, Rogério? O meu bróder aqui [aponta para Marquinhos] pediu para eu ir com vocês no banco e pegar a grana. Ele não pode deixar a loja sozinha, tá ligado? Ele me liberou o cartão dele aqui.
- Hum, tá.
- Então bora nessa!

Marquinhos olha a cena paralisado. Batista, muito tranquilo, entra no carro do agiota com os três negões juntos. Rogério dá meia volta e arranca pela rua.

Três horas depois Marquinhos vê o carro do agiota voltando. O detalhe é que no carro só havia o motorista. E quem era o motorista? Batista. Batista pára o carro e abre a janela:

- Dom, teu problema tá resolvido!
- E o agiota?
- Tudo resolvido, mano!
- [Atônito] E o resto do povo que veio com o Rogério? O que você tá fazendo com o carro do Rogério?!
- Fuuuuuiiiii!

Batista acelera e some pela rua. Marquinhos nunca mais viu o agiota.