sexta-feira, 3 de junho de 2005

Drummond, o erótico




Texto enviado por Cida, my love


Quem houve alguém falar de Carlos Drummond de Andrade normalmente se lembra de versos como: “no meio do caminho tinha uma pedra”, ou “mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo...”. No entanto, o cara escreveu demais. Foi muito além de nossa tosca imaginação.

Quando morreu, em 1987, o velhinho, inclusive, deixou inéditas algumas obras. Entre elas, um livro chamado “O amor natural”, com poemas eróticos e que foi publicado em 1992. Só para dar mais um realce: o cara nasceu em 1902 e escreveu sobre sexo sem falsos pudores, hipocrisias ou pseudices.

Apreciem o poema abaixo e opinem: vocês acham que poemas como este deveriam ser lidos e analisados em salas de aula? Eles deveriam aparecer nos livros didáticos já que falam de coisas tão cotidianas quanto almoçar, tomar uma cerveja ou ir ao cinema? Ou as pessoas devem continuar tratando sexo como algo sujo e que deve ser escondido dos pobres adolescentes indefesos?

Vejam aí uma descrição poética do velho 69:

SUGAR E SER SUGADO PELO AMOR

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
corpo dois em um o gozo pleno
que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar e ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.