SONHOS BIZARROS - minha irmã é uma contrabandista em Nova Iorque!
Texto enviado por Cida, my love
Também tenho sonhos malucos. Tive um desses na noite passada. Dormi depois de ler a Mariposa, do Marcatti (revista emprestada pelo Leo). A estória me fez lembrar de pessoas bem doidas e fiquei imaginando o tipo de cara que escreve esse tipo de história. Só lendo! Ele me fez, inclusive, lembrar do Fernando Pessoa, em seu quartinho do outro lado da Tabacaria, escrevendo Tabacaria, poema de seu personagem Álvaro de Campos (Não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.). Pois é, losers existem desde sempre. Eles é que devem ser as matrizes da humanidade (BULDOZER TAMBÉM É CULTURA!).
O que o Marcatti, ou melhor, seu ilustre personagem tem a ver com isso? Outro gênero, outro estilo. O que me fez fazer a ligação foi o fato de, na introdução de Mariposa, o personagem contar: "Minutos parecem horas. Acendo um cigarro, abro a janela de meu quarto e conforto meu vazio varrendo com os olhos o vazio da imensidão e do silêncio.(...) Para passar o tempo, escolho ao acaso uma débil luz de janela (...) coloco alguém lá dentro, dou-lhe um nome, imagino-lhe uma vida." Bom, essa foi a ligação. Li toda a revista e, quando acabou, ainda queria mais. É a história de duas putas, ou melhor, do filho de uma delas, que acabou morando com a outra e sendo amante de uma coleguinha de escola... Muito dark! Se quiserem mais, leiam.
Tão querendo saber do sonho, né? Então, tá!
Com essa motivação, fui dormir pensando na loucura da revista. Não deu em outra. Sonhei que estava numa festa com a minha irmã. Nós éramos um misto do que somos hoje com alguma coisa do passado. Livres, íamos aonde queríamos. As roupas que usávamos pareciam ser dos anos 20, com detalhes de moda recente, preconizada por costureiros alternativos. Coisa pra show. Detalhe: todo o mundo estava vestido assim. Algumas pessoas pareciam saídas de novelas de época da Globo, outras dos mais diversos filmes de ficção científica. Muita gente bonita e muita gente feia e esquisita.
A cidade era grande, parecia Nova Iorque. Muito movimento. Prédios novos e velhos. Carros antigos, como o Ford Bigode, se misturavam a Mercedes Benz moderníssimos e caríssimos. Havia muitos garçons, muita comida e bebida de boa qualidade. Lá estávamos as duas, diante de toda aquela gente, na maior naturalidade. A festa era no mezanino de um prédio de três andares, perto de muitos outros do mesmo tipo. De lá víamos a rua e o movimento. Alguns caras interessantes conversavam conosco. Estávamos sempre com gente por perto. Pensei: será que esses caras estão mesmo nos achando isso tudo? Pareciam.
Resolvemos descer um pouco pra respirar e pôr as fofocas da festa em dia. Quando chegamos à rua, parecia haver outra festa lá. Muita gente, riso, músicas variadas vindo de dentro dos carros. Começamos a andar e percebemos que uns caras estranhos estavam vindo atrás. Eu não entendia: que sucesso fenomenal era aquele? Uns cinco ou seis caras estavam se aproximando. Quando chegaram perto, percebi que, pelo jeito, era encrenca. Puxei a minha irmã e saímos correndo. Corremos no meio de toda aquela gente – com aqueles vestidos –, eu vi um Ford Bigode e disse pra minha irmã: "Entra aí!" Ela entrou. A gente se abaixou até os caras passarem. Daí eu liguei o carro e saí dirigindo. Só que o troço não andava, ficava só no fuc-fuc-fuc, fazendo aquele barulhinho irritante. Os delinqüentes nos viram e vieram atrás. Quando eles estavam perto, parei o "carro" – que, por sinal, era novinho em folha. Antigo, mas novo. Nós pulamos pra fora, subimos no capô, alcançamos uma barra pela qual podíamos chegar ao mezanino de outro prédio, pulamos pra dentro – tudo isso vestidas daquele jeito – e corremos sem parar como quem conhecia bem tudo por ali. Chegamos em casa, que era ali perto mesmo. Mais ou menos a uns cinco quarteirões. Minha mãe estava dormindo.
Nesse momento, eu perguntei pra minha irmã: "O que tá acontecendo? O que esses caras queriam? Pela sua cara isso é alguma coisa com você." Notei que ela estava com a mão fechada. Ela olhou pra mão e pra bolsa. Abri a mão dela e vi que estava cheia de comprimidos de tipos variados (desencapados) e de pedras preciosas lapidadas. Tudo muito colorido. Peguei a bolsa e tinha muito mais lá. Era uma bolsinha preta, pequena, bordada de lantejoulas e que se abria com aquelas das vovós. Não tinha zíper. Pensei: como é que ela não deixou isso cair? Olhei bem nos olhos dela, que me disse: "Se eu perder isso, tô morta!" Percebi o perigo e disse: "Tá, eu vou te ajudar."
No sonho, eu era artista plástica e fazia uns quadros bem coloridos que precisavam ir à geladeira antes. Sei lá que técnica poderia ser essa. Peguei todos os comprimidos e pedras, pus em uma vasilha quadrada, com uns dez centímetros de altura, enchi com água e coloquei no congelador. Vai entender! Depois disso, fomos dormir. Minha irmã, que confiava muito em mim, dormiu logo. Eu não consegui. Estava suada. Ficava me mexendo o tempo todo, preocupada. Levantei-me de supetão. Senti alguma coisa, ouvi um barulho, pensei que fossem os caras atrás da gente e fui até a cozinha.
Chegando lá, vi a minha mãe com aquele gelo colorido numa mão e um comprimidão amarelo na outra. Perguntei: "O que a senhora tá fazendo?" E ela: "Acabei de achar meu comprimido pra dor de cabeça. A Lelita botou ele no congelador. Não sei porque ela fez isso. Eu já tinha procurado a-té!" E eu: "Péra aí, mamãe, isso não é o remédio da senhora não. Esse é um trabalho que eu tô fazendo. Uma técnica nova". Ela: "Não. Isso é o meu comprimido, sim. Só não sei como ele veio parar aqui. Acho que sua irmã tá doida!" Minha mãe levou o enorme comprimido amarelo-ouro até a boca. Eu gritei "Não!" Acordei, assustadíssima.
Expliquem aqueles que acreditam que os sonhos dizem alguma coisa da nossa vida. Se puderem!
Texto enviado por Cida, my love
Também tenho sonhos malucos. Tive um desses na noite passada. Dormi depois de ler a Mariposa, do Marcatti (revista emprestada pelo Leo). A estória me fez lembrar de pessoas bem doidas e fiquei imaginando o tipo de cara que escreve esse tipo de história. Só lendo! Ele me fez, inclusive, lembrar do Fernando Pessoa, em seu quartinho do outro lado da Tabacaria, escrevendo Tabacaria, poema de seu personagem Álvaro de Campos (Não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.). Pois é, losers existem desde sempre. Eles é que devem ser as matrizes da humanidade (BULDOZER TAMBÉM É CULTURA!).
O que o Marcatti, ou melhor, seu ilustre personagem tem a ver com isso? Outro gênero, outro estilo. O que me fez fazer a ligação foi o fato de, na introdução de Mariposa, o personagem contar: "Minutos parecem horas. Acendo um cigarro, abro a janela de meu quarto e conforto meu vazio varrendo com os olhos o vazio da imensidão e do silêncio.(...) Para passar o tempo, escolho ao acaso uma débil luz de janela (...) coloco alguém lá dentro, dou-lhe um nome, imagino-lhe uma vida." Bom, essa foi a ligação. Li toda a revista e, quando acabou, ainda queria mais. É a história de duas putas, ou melhor, do filho de uma delas, que acabou morando com a outra e sendo amante de uma coleguinha de escola... Muito dark! Se quiserem mais, leiam.
Tão querendo saber do sonho, né? Então, tá!
Com essa motivação, fui dormir pensando na loucura da revista. Não deu em outra. Sonhei que estava numa festa com a minha irmã. Nós éramos um misto do que somos hoje com alguma coisa do passado. Livres, íamos aonde queríamos. As roupas que usávamos pareciam ser dos anos 20, com detalhes de moda recente, preconizada por costureiros alternativos. Coisa pra show. Detalhe: todo o mundo estava vestido assim. Algumas pessoas pareciam saídas de novelas de época da Globo, outras dos mais diversos filmes de ficção científica. Muita gente bonita e muita gente feia e esquisita.
A cidade era grande, parecia Nova Iorque. Muito movimento. Prédios novos e velhos. Carros antigos, como o Ford Bigode, se misturavam a Mercedes Benz moderníssimos e caríssimos. Havia muitos garçons, muita comida e bebida de boa qualidade. Lá estávamos as duas, diante de toda aquela gente, na maior naturalidade. A festa era no mezanino de um prédio de três andares, perto de muitos outros do mesmo tipo. De lá víamos a rua e o movimento. Alguns caras interessantes conversavam conosco. Estávamos sempre com gente por perto. Pensei: será que esses caras estão mesmo nos achando isso tudo? Pareciam.
Resolvemos descer um pouco pra respirar e pôr as fofocas da festa em dia. Quando chegamos à rua, parecia haver outra festa lá. Muita gente, riso, músicas variadas vindo de dentro dos carros. Começamos a andar e percebemos que uns caras estranhos estavam vindo atrás. Eu não entendia: que sucesso fenomenal era aquele? Uns cinco ou seis caras estavam se aproximando. Quando chegaram perto, percebi que, pelo jeito, era encrenca. Puxei a minha irmã e saímos correndo. Corremos no meio de toda aquela gente – com aqueles vestidos –, eu vi um Ford Bigode e disse pra minha irmã: "Entra aí!" Ela entrou. A gente se abaixou até os caras passarem. Daí eu liguei o carro e saí dirigindo. Só que o troço não andava, ficava só no fuc-fuc-fuc, fazendo aquele barulhinho irritante. Os delinqüentes nos viram e vieram atrás. Quando eles estavam perto, parei o "carro" – que, por sinal, era novinho em folha. Antigo, mas novo. Nós pulamos pra fora, subimos no capô, alcançamos uma barra pela qual podíamos chegar ao mezanino de outro prédio, pulamos pra dentro – tudo isso vestidas daquele jeito – e corremos sem parar como quem conhecia bem tudo por ali. Chegamos em casa, que era ali perto mesmo. Mais ou menos a uns cinco quarteirões. Minha mãe estava dormindo.
Nesse momento, eu perguntei pra minha irmã: "O que tá acontecendo? O que esses caras queriam? Pela sua cara isso é alguma coisa com você." Notei que ela estava com a mão fechada. Ela olhou pra mão e pra bolsa. Abri a mão dela e vi que estava cheia de comprimidos de tipos variados (desencapados) e de pedras preciosas lapidadas. Tudo muito colorido. Peguei a bolsa e tinha muito mais lá. Era uma bolsinha preta, pequena, bordada de lantejoulas e que se abria com aquelas das vovós. Não tinha zíper. Pensei: como é que ela não deixou isso cair? Olhei bem nos olhos dela, que me disse: "Se eu perder isso, tô morta!" Percebi o perigo e disse: "Tá, eu vou te ajudar."
No sonho, eu era artista plástica e fazia uns quadros bem coloridos que precisavam ir à geladeira antes. Sei lá que técnica poderia ser essa. Peguei todos os comprimidos e pedras, pus em uma vasilha quadrada, com uns dez centímetros de altura, enchi com água e coloquei no congelador. Vai entender! Depois disso, fomos dormir. Minha irmã, que confiava muito em mim, dormiu logo. Eu não consegui. Estava suada. Ficava me mexendo o tempo todo, preocupada. Levantei-me de supetão. Senti alguma coisa, ouvi um barulho, pensei que fossem os caras atrás da gente e fui até a cozinha.
Chegando lá, vi a minha mãe com aquele gelo colorido numa mão e um comprimidão amarelo na outra. Perguntei: "O que a senhora tá fazendo?" E ela: "Acabei de achar meu comprimido pra dor de cabeça. A Lelita botou ele no congelador. Não sei porque ela fez isso. Eu já tinha procurado a-té!" E eu: "Péra aí, mamãe, isso não é o remédio da senhora não. Esse é um trabalho que eu tô fazendo. Uma técnica nova". Ela: "Não. Isso é o meu comprimido, sim. Só não sei como ele veio parar aqui. Acho que sua irmã tá doida!" Minha mãe levou o enorme comprimido amarelo-ouro até a boca. Eu gritei "Não!" Acordei, assustadíssima.
Expliquem aqueles que acreditam que os sonhos dizem alguma coisa da nossa vida. Se puderem!
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