sexta-feira, 6 de maio de 2005

Alunos rocks



Texto enviado por Cida, my love


Na minha vida de professora, tenho encontrado muitos alunos esquisitos, mas alguns são marcadamente especiais. No momento, tenho um, por exemplo, que é um cara boa pinta, alto, forte, do tipo que as mulheres normalmente gostam. O problema é que o cara, apesar da boa pinta, parece um debilóide – ou é. Parece não ter crescido mentalmente: está no ensino superior e acha que está no maternal. Em todas as aulas o cara anda pela sala o tempo todo. Não consegue ficar quieto por mais de dois minutos. Começa um assunto com alguém, deixa a pessoa falando e vai para outro canto... Manda beijinhos para os outros caras da turma o tempo todo, e não tem jeito de gay. Demonstra ser bem machão em várias situações. É só pra zoar mesmo. Tudo isso, durante a aula, mesmo com debates, apresentação de seminários etc. Vai entender.

Em outra faculdade, tenho uma aluna que dá uma de cafetina. No primeiro dia de aula na turma dela, logo que entrei na sala, a garota estava conversando com um cara de outro curso, parada em frente à porta, do lado de fora. Um cara muito bem apanhado, alto, moreno (também um tipão daqueles que as mulheres adoram). Antes de pôr meu material sobre a mesa, entra a menina: "Professora, professora, posso falar com você? Só um pouquinho." Eu: "Pois não". Ela, apontando para a porta: "Tá vendo aquele rapaz ali?". Eu: "O que tem ele?". E o cara olhando. Ela continua: "Ele disse que você é linda e mandou esse bilhete aqui com o telefone dele. Ele perguntou se você pode falar com ele na hora do intervalo, ou depois da aula, em outro lugar". Eu: "Como é o seu nome?". Ela: "Cléia" (nome fictício). E eu, séria, com vontade de rir e sem saber o que dizer: "Pois é, Cléia, não vai dar. Não é nada pessoal, sabe? É que eu tenho namorado". Ela: "Mas, professora (apontando o dito cujo), olha bem! Você não achou ele bonito não? Vale a pena, professora. Pensa bem!". Depois fiquei sabendo que ela já levou bilhetinhos de alunos pra outras professoras também.

O mais bizarro, contudo, foi um aluno que eu tive em 2003. Desse eu não sabia se tinha pena ou o quê. Todos os dias, quando eu entrava na sala, o aluno estava de pé, encostado no quadro. Algumas alunas falavam: "Aí, Gustavo!" (nome fictício). E eu achava aquilo estranho, mas levava na boa. Pensava que era uma brincadeira dos alunos com a professora nova. Era uma turma bastante agitada, com muitos alunos cheios de idéias... (fiquei sabendo de outras bizarrices dessa turma, que conto em outro post.) e bem diferentes entre si. Era divertido. Reparei que o Gustavo saía da sala várias vezes durante a aula (2, 3, 4 vezes), sempre levando um caderno, que carregava com a mão pra baixo, na frente. De vez em quando eu perguntava: "Vai aonde, Gustavo?" E ele: "Só vou ao banheiro, professora!" ou "Só vou à Biblioteca, rapidinho."; "Vou à secretaria". Uma vez perguntei: "Mas pra que levar o caderno?" E, ele, bastante vermelho e sem graça: "É que eu tenho de olhar uma coisa aqui, professora". Saindo: "Eu volto rapidinho".

Quando eu me virava pro quadro e o Gustavo estava na sala, era uma farra. "Aí, Gustavo"; "Quer matar o Gustavo, professora?"; "Olha, gente, o Gustavo tá vermelho. Sai de perto!"; "Gente! O Gustavo tá suando!"; "Tá suando, gente. Vai explodir."; "Corre, gente". Todo mundo tirando uma, e eu sem saber se era com a minha cara, com a cara do Gustavo ou com nós dois.

Resolvi perguntar a uma outra professora, o que acontecia naquela turma. "Você não sabe?" Disse ela, com espanto. E rindo: "Ninguém te contou ainda?" Ela me contou uma história escabrosa sobre o Gustavo. Algumas alunas aumentaram a história e a coordenadora confirmou. Resumindo: o Gustavo, no geral um bom aluno, tem um grave problema. Ele fantasia sexo com toda mulher que vê: alta, baixa, magra, gorda, tímida, desinibida, sexy, feia, bonita e de qualquer idade. Uma amiga dele, também aluna, me contou detalhes dos "sonhos" do cara (ele deve ter uns 36 anos, é careca, baixinho e, acreditem, tímido). Ele tem uma tara louca: ele olha pra mulher e a imagina na cama ou em outro lugar com ele. Ele a despe, ou ela já está nua, e aí o cara imagina os detalhes de uma transa com a "boa da vez".

Ele, em festinhas da turma, deu detalhes do que seriam transas com cada garota da sala, disse como era o corpo delas, o que fazia e o que deixava de fazer... Nos momentos de devaneio sexólotra, ele, estrategicamente, corria para o banheiro, levando o caderno para cobrir a frente da calça, naquela altura... Disseram-me que ele quase tinha um ataque quando eu entrava na sala. Imaginem! Ainda bem que me contaram detalhes como esse só depois da formatura. Como eu poderia lecionar sabendo disso?

Resultado: o Gustavo resolveu fazer um tratamento psiquiátrico e tomar remédio, mas não adiantou. Então o aconselharam a se casar. Ele se casou com uma garota da qual gostava há muito tempo e... Pasmem! Dizem as más línguas que a coisa piorou! A menina tem de ficar por conta e ele, agora, tem mais experiência pra imaginar coisas... Quanto mais tem, mais imagina...

Que sofrimento, hein?