terça-feira, 23 de novembro de 2004

MERDA DO BEM

Mora aqui no meu apê uma cadela cocker spaniel bem velhinha, a Estrela. Ela tem esse nome porque nasceu na época da campanha do Lula em 89...mas bem, deixa prá lá, nem é essa a estória que quero contar.

Eu costumo levar a Estrela para mijar e cagar em um gramadão meio baldio que tem aqui perto de casa. Como eu levo duas vezes por dia, todo dia, então dá para imaginar como tem merda da Estrela para todo lado nesse mato, de vez em quando até piso num tolete, aí é aquela paciência para limpar o chinelo...bem, foda-se, estou mudando de assunto de novo.

O ponto é que um dia tava com ela lá no gramadão e vi um puta cogumelão saindo de um dos toletes dela, aí pensei "pô, que massa! achei que essas paradas só crescessem em merda de vaca!" Não pensei duas vezes, catei a porra do cogumelo, vim para casa, triturei a parada, pus na água quente e fiz um chazinho irado...mandei um caneco cheio para dentro num só gole, misturado com adoçante para ficar massa.

Porra, não demorou dez minutos para começar. Eu de repente vi que meus braços tavam todos brilhando com uma luz vermelha...era um lance místico, sei lá, muito louco, tipo uma meditação só que muito mais intenso. Aí de repente eu via na minha frente a Simony do Balão Mágico, ainda criança, que virava e falava:

- Pô, Léo, que loucura, teu braço tá brilhando todo de vermelho...que viagem!
- Porra Simony, o que vc tá fazendo aqui...vc era meu símbolo sexual quando eu tinha 5 anos, me dá um autógrafo aí!!!
- Beleza, Léo, mas só se você me fizer um fisting com esse teu braço brilhante!
- Porra, Simony, então vê se cresce! Vc criança não pode ser, porra!

Aí ela crescia, mas ela não virava a Simony adulta, em vez disso virava a Xuxa , aí eu falva:

- Agora sim!!!

Enfiei meu braço até o cotovelo nela, e ficava metendo e tirando, e gritava:

-Toma puta, toma tudo aí - e ela urrava de prazer.

Era engraçado que quando meu punho chegava na altura da barriga dela (na minha viagem isso era possível) o brilho vermelho era visível através da pele dela.

E os urros dela pareciam uma espécie de música transcedental, que fazia minha consciência ascender até níveis completamente novos de existência...eram como mantras, cara, os urros da Xuxa na minha viagem. Aí de repente não tinha mais Xuxa lá, só tinha eu, que estava brilhando todo prateado, o universo se espraiando e o Lula com uma cueca samba canção xadrez e cheio de sanguessugas pendurados no corpo e nos membros, caladão, flutuando no meio do nada. Eu estava com a mente muito confusa, acho que por conta do chá. Foi quando percebi que aquele lugar que eu estava era no fim do universo, no vácuo, e que no fim de tudo só tinha sobrado eu e o Lula com suas sanguessuagas flutuando no vácuo. Aí eu fui falar com o Lula:

- Porra Lula, que massa, eu votei em você!
- Vai se fuder cara! Graças a pessoas como você é que meu pau foi cortado! Vai à merda e sai de perto!
- Caralho cortaram teu pau, quando isso?! Como?!
- Foda-se, não tou prá conversa, cai fora.

Aí fiquei pensando em como deve ser ruim ficar flutuando sem pau no vácuo, coberto de sanguessugas. Aí fiquei muito, muito deprimido, e quando eu fico deprimido e doidão sinto vontade de quebrar alguma coisa. Ouvi o barulho de vidro se quebrando, aí eu vi milhares de cacos de vidro brilhantes flutuando pelo vácuo e preenchendo todo o universo.

- Porra, que massa, é o Big Bang do vidro, véi...!

Aí todo o universo estava radiante até a luz se difundir e apagar por completo...acordei no banheiro, com a testa cortada e o espelho quebrado e cheio de sangue. Acho que vou ter que fazer alguma cirurgia para disfarçar essa cicatriz, mas foda-se, a única coisa que fiquei com medo foi que acordei no banheiro. Como tenho muita sede quando estou viajando, tenho medo de ter tomado água da privada, como eu odeio água de privada. Ah, eu congelei o que restou do chá para tomar depois, acho que nunca mais eu vou achar outro cogumelo desses de merda de cachorro.