terça-feira, 20 de maio de 2003

Vai Minduim!

De uns tempos para cá, tenho observado a minha falta de sorte com outros olhos. Cansei de ficar puto, cansei de reclamar e cansei de descontar a raiva nos insetos que encontro pelo caminho (arrancar pata de barata com pinça e queimar formiga com isqueiro é algo relaxante...). Simplesmente comecei a rir das minhas desventuras e de mim mesmo. Desta maneira toco a vida de uma maneira mais relax, e alguns insetos podem se dar o prazer de continuarem vivos (e andando) depois de cruzarem meu caminho. Aproveitando esse gancho, gostaria de compartilhar com meus 3 leitores fiéis a minha ultima aventura em uma festinha universitaria, a Bio vinil.

A Bio vinil é um festa organizada pelos estudantes de biologia da UnB, e tem uma certa fama entre os alternativos e descolados de Brasília. A festa tem como tema o som das decadas de 50 a 80, e, como o proprio nome da festa diz, so se toca disco em vinil (se você não sabe o que é um vinil que se foda, não vou perder meu tempo explicando o que é isso!). Para completar as biritas são baratas e sempre dá muita mulher. Perfeito. Ou melhor, quase perfeito. Apesar da idéia da festa ser bastante interessante, os organizadores nunca são muito felizes na escolha dos DJs e musicas a serem tocadas. A festa ja está indo para a terceira edição, e a salada musical tocada na pista de dança não é recomendavel para ouvidos e estômagos sensiveis. Na primeira edição eu ouvi algumas sequências medonhas, como por exemplo Elvis com Madonna e Information Society, e Chuck Berry com Village People e o tema de Pulp fiction. Ou o DJ come crack ou injeta cola na veia para ficar tão inspirado assim em uma festa. Mas enfim, chega de descrever a porra dessa festa e vamos direto ao assunto. Na ultima edição da Bio vinil eu resolvi ir apenas por um motivo: uma menina. "Ué, mas o Reinaldo não come o Demetrius? O Leo não vive chupando ele?" é o que meus caros leitores devem estar pensando neste momento. Tirando o fato de ja ter comido o Demetrius (e ter sido uma merda), o resto não passa de intriga da oposição. A menina em questão se chama Ju, e é monitora de um professor do departamento de Biologia. Ja faz um mês que vou na sala desse professor tirar algumas duvidas a respeito de insetos (não é para tortura, juro!), e sempre encontro a tal menina, sempre prestativa e me encarando com aquela cara de "será que rola". Nunca chegou a ser um mole descarado, mas tinha um clima no ar. Era bonitinho ver como ela ficava sem-graça ao me ver e tudo mais. Como esse clima ja estava se prolongando, resolvi chegar junto. Sempre arranjava uma desculpa furada para ir na sala do tal professor, apenas para encontrar a Ju e puxar uns papos. Pela manhã ela sempre estava sozinha na sala do professor, com seus cabelos sedosos recem saídos do banho, um perfume floral exalando de sua linda nunca...hmmmmm...(ta, ta, vou pegar leve nessa frescura toda!). Quando soube que teria uma segunda edição da Bio vinil e que a Ju iria trabalhar nessa festa, logo me empolguei. Comprei a entrada antecipada e planejei a melhor maneira de pegar a danada de jeito na festinha. Iria sozinho, e não iria chamar nenhum de meus amigos. Enfim, ela ja estava no papo (ja podem começar a rir...)

Chegando na noite de sabado, tomei um banho bacana e tratei de me vestir. Quando estava prestes a sair de casa, o telefone toca. Era o bailarino-de-cabelos-encaracolados-e-ruim-de-cama Demetrius. "Pô cara, tava a fim de uma carona para o Bio vinil, posso ir contigo?", perguntou o bailarino. "Er...hmmm...pode cara." respondi. Com o pedido de carona do Demetrius, um pressentimento de que algo daria errado começou a tilintar em minha cabeça. Mas tudo bem, desencanei e fui pegar o bailarino. Chegando na festa, ficamos batendo um papo e tentavamos dançar a mistureba sonora que colocavam nas caixas de som. Nesse meio tempo, fiquei procurando a Ju. Demorou um pouquinho, mas finalmente encontrei a menina. Ela estava linda, vestida como dançarina de aerobica estilo anos 80 (todos que trabalhassem na festa deveriam estar se vestindo inspirados em alguma decada). Depois de um tempo encarando, cheguei pertinho e fui cumprimentá-la. Após 3 beijinhos basicos, ela me ignorou e ficou batendo papo com sua turminha de biologia. Até aí normal. Voltei a ficar com Demetrius, que logo encontrou sua ex-namorada de bobeira na festa. A ex-namorada do bailarino é bastante gatinha por sinal, e so não vou partir para comentarios mais detalhados em respeito ao rapaz (ô peitinho e cinturinha da gota..uhu!). Mas enfim, enquanto estava dançando na companhia dos dois ex-namorados, minha cabeça estava na Ju. Tratei de rodar a festa sozinho para ver se encontrava ela sozinha em algum canto. Mas nada. Ela estava no bar, vendendo biritas com a turma dela. Cheguei no bar e pedi um vinho especialmente para ela, que me atendeu com aquele jeitinho meio sem-graça. Troquei algumas palavras e saí todo sorridente com o vinho na mão, louco para que ela saísse do bar e curtisse a festa. Alguns passos depois, um imbecil esbarra em mim e me faz derramar vinho no punho da minha camisa nova e na calça a altura do pau (olha a sorte). Mesmo puto e borrado de vinho fui para a pista dançar. Ou melhor, tentei. A pista de dança estava lotada, e sempre tinha algum maluco dançando freneticamente e me esmurrando involutariamente. Um saco! Quase saí no tapa com um mané que batia cabeça ao som de Pet Shop Boys e me dava umas cotoveladas nas costas. Até um amigo do Demetrius riu e falou:

-[apontando para mim]Cara, tu tem o mel!
-Mel pra que? Catar mulher?
-Nah..mel pra levar tapa de gente dançando.Hahahahah...

Bem, esse texto ta ficando grande demais e estou com soninho. Aguardem a parte 2 e o gran finale!

Reinaldo, o Charlie Brown