quarta-feira, 28 de março de 2007

UMA NOITE PSEUDO - File 2007

Minha vida é uma monotonia só, mas finalmente a noite da última sexta-feira me deu motivos para fazer coisas que eu adoro : encher a cara e observar pseudos, artistas e afiins. O caso é que está rolando mais um evento patrocinado pela Petrobrás ( a mãe da "elite intelectual") , o File 2007 , direcionado para as artes visuais e media eletrônica e que inclui simpósios, exposições e uma competição no eixo Rio-São Paulo.

Obviamente, uma mamata dessas tem que vir acompanhada de uma Festa de abertura num Espaço Cultural Público , no caso o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. E aqui mesmo vai minha primeira crítica ferrenha contra essa quadrilha cultural : eles querem ganhar dinheiro mais uma vez ás nossas custas terceirizando o setor de comes e bebes dessas festas!! ou seja, eles entram em acordo com algum bar da moda caro para servir aos convidados, que pagam por isso. Com muita sorte você encontra um bufê furreca e um bar com 3 barmans para servir a multidão de "sedentos por cultura" ou ganha um saco de pipocas em Pré-Estréia de filme !!! Eu acho que ,se é para a Petrobrás fazer alguma coisa nessa área de "contrapartida cultural", que pelo menos nos alimente de forma digna ou nos ofereça álcool de boa qualidade e pureza!

Bom, voltando ao File e sua noite de abertura. Rumamos eu e meu namorado para o museu, mais uma mal conservada obra de Niemeyer, e lá chegando começamos a esperar pelos amigos dele. O primeiro deles chega, pega uma cerveja ( do lado de fora da festa, que é muito mais barato) e começa a jogar conversa fora. Ele já me lança a pergunta clássica, destinada a me classificar no panteão de gentes interessantes e artísticas :

- Mas então, o que você é?
E eu pergunto ao que ele está se referindo , se é ao que eu estudei ou no que eu trabalho. O que eu estudei , claro.
- História
- Ah.... e ...?
- Bom, eu não faço História!!!

Ele ficou meio confuso com a resposta e com minha ênfase em indicar que eu não faço nada daquilo que ele esperava. Por isso eu tive que ajudar e explicar mais claramente o fato de eu ser uma pessoa não-artística. No final ele ficou visivelmente triste por mim !!! ( Por que as pessoas criativas e artistas pensam que o mundo todo sofre por não fazer o que eles fazem? mistério!) E não foi só ele que ficou triste com esse fato , dois clichês ambulantes que estavam na nossa frente da fila começaram a rir e a cochicar!!! Se viraram para ele e começaram a puxar um papo, digamos, torto. Saca só : duas meninas usando óculos escuros de noite e vestindo roupa alternativas da C&A.. A primeira, mais espertinha, já foi logo avisando " eu sou atriz , viu?" e apontando para a amiga que só ria " mas ela não é!!". Francamente, ela deve ter contratado aquela garota como figurante !!! Não contente, ela se virou pra mim " tá rindo de quê?? eu sei que você fez História" e estendendo a mão em minha direção " Meu nome é Mariana".

Entramos e vimos 3 instalações interativas e o palco onde os dj´s e performers iriam se apresentar. Lógico, o stand do bar onde cobravam R$5,00 pela latinha de cerveja, era enorme e, devo dizer, convidativo em termos de drinks para uma pessoa que , como eu , não bebe cerveja. Lá fui pedir meu mojito e esse amigo do meu namorado apareceu para elogiar as caixas de fósforos de cortesia que a garçonete estava despejando numas bandejas de vidro bem em nossa frente. Ele elogiou tanto o fato daqueles fósforos serem de graça, fato que está desaparecendo da prática comercial, que a garçonete prontamente arrancou as bandejas da frente dele e as colocou bem longe!! Pois é, não só eu tive que pagar pelo drink como a única coisa gratuita do bar me foi negada!!!

O que salvou meus planos etilícos foi a chegada de um camelô-bartender para competir com os sempre disponíveis vendedores de cerveja. O lado de fora da festa passou a ser o ponto mais concorrido e divertido e ocasionalmente a gente voltava para ver as aguardadas perfomances. Uma delas eu não consegui entender até agora, admito : cinco pessoas vestidas com macacões brancos,máscaras e botas de plásticos , segurando guarda-chuvas transparentes com lâmpadas acopladas dentro ficavam andando em formação e a passos de formiga entre a platéia , parando de vez em quando para em seguida voltar a andar. Segundo o panfleto os "homens -ilhas" iriam gerar " pontos de reflexão e de voyerismo que criam um contraponto radical entre os performers e público"(!?).

Mas realmente contar com todas aquelas mentes criativas num só lugar e não aproveitá-las seriam uma pena!! Por isso bem no meio do espaço tinha uma outra instalação, como se fosse uma pista de dança cercada por telas onde eram projetadas cenas filmadas ali na hora. Num outro ponto da festa tinha uma cabine onde você era filmado e fazendo o que quisesse.....lógico que a atriz e sua figurante foram as primeiras a participar e elas fizeram a coisa mais "surpreendente e ousada" da noite : sim , sim sim elas se beijaram, de língua. E usando óculos escuro de noite. E todo mundo era tão moderno que ninguém ligou praquela ousadia toda. Coitadas, pensando bem, vida de pseudo pós adolescente não é nada fácil!!!!!!