sábado, 23 de agosto de 2003

COLABORANDO COM A YAKUZA

Faz uns dez dias fui comemorar meu aniversário no Space Bar, um local aqui de Brasília que eu pensava ser um bom bar de rock. Tem três ambientes pequenos, não é muito quente e seu visual é simples e aconchegante. Nas outras vezes em que eu tinha ido, estava rolando um ótimo som, e estava cheio na medida certa: não demais, apenas o suficiente para uma casquinha saudável. Que engano cometia ao gostar do lugar... eu mal sabia que o bar era um verdadeiro reduto das trevas. Já desconfiava que no dia marcado haveria um encontro dos manés da "Terra Chat - Brasília Sala B", porque os panacas vivem lá, assunto que, aliás, merece uma explicação à parte:

O Mao-Tsé-Tung dessa galera do chat, por coincidência, é um grande amigo da galera aqui do Buldozer, o Sr. "Barman Infiernal". Ele vivia falando "como tem mulher gata naquele Chat, ah se eu não fosse casado, elas me dão mole, elas fazem grupal, seu eu quisesse comia, mas eu amo minha mulher..." e o blá-blá-blá de sempre de neguinho que quer impressionar. Tudo bem, tem mulher gata que freqüenta aquela porra sim (o sujeito foi até gente fina de apresentar uma das únicas). Algumas. Mas a IMENSA MAIORIA é de mulheres horríveis, quero dizer, não que eu seja nenhum Adônis, mas um dos meus pressupostos de vida é muito claro:

"Gordo já basta eu!"

Mulheres com os dentes podres, pernas tortas, doentemente magrelas, parecendo botijões de gás, essa turma é em sua maioria um verdadeiro show de aberrações. E estavam todos lá no dia, "enfeitando" o ambiente. Mas eles sustentam o lugar, porque estão sempre lá, e o dono até deixa os sujeitos entrarem de graça. Mas como isso já era esperado, não me espantou. Fiquei sim assustado é com o som que estava rolando.

No começo da festa estava rolando MPB, o que eu estranhei por esperar um bar de rock, mas não me incomodou, porque eu também gosto e é até melhor para que as pessoas possam bater papo. Depois, contudo, começou a tocar um som nada ortodoxo, como música baiana, funck nacional e outras tosqueiras. Fui perguntar para o dono do bar o que estava acontecendo, e ele disse que "o dia do rock era quinta-feira, na sexta o som era variado". Porra, bota variado nisso, a mistura que ele estava fazendo era como comer strogonoff misturado com língua de boi e morango: completamente incoerente e intragável, Kid Abelha e MPB misturados com funk, músicas baiana e sertaneja, MUITO nauseante. Fiquei espantado.

Não bastasse isso, o segundo andar do muquifo tem uma porra de videokê. Cacete, quer algo mais irritante que aquela merda de videokê? Não que eu seja um tradicionalista idiota que ache necessária a presença daquelas bandas meia-boca e mal ensaiadas que tinham nos antigos "karaokês", e com certeza foi uma boa o sujeito acompanhar as letras da música na tela da TV, o que poupa a gente das performances fodidas de quem esquece a letra. Mesmo assim, aquelas musiquinas "MIDI" são a coisa mais tosca do universo, dá até desânimo ver uma música boa ferrada por aquela porra de som de Atari que tenta se aproximar dos arranjos originais. Além disso, se tem uma merda de recurso de vídeo, porque não se fazem uns clipes e montagens decentes para acompanhar as músicas, que tenham a ver com as mesmas, em vez daquelas paisagens xarope? Bando de picaretas que inventaram essa merda...ainda bem que ninguém da minha galera quis subir naquela porra, só se passava por lá para mijar nos únicos banheiros do local que ficam no segundo andar. Se eu tivesse algum amigo numa cadeira de rodas, precisaria ter marcado o aniversário em outro canto.

Como eu e meus amigos já estávamos lá mesmo, ficamos sentados na mesa conversando. Foi então que o Zechiro nos contou que aquele mesmo lugar, antes de ser um bar, era ponto de encontro da Yakuza local, onde faziam suas reuniões e traçavam suas estratégias. A idéia me pareceu um tanto inverossímel, mas é verdade que os donos do Space Bar são três irmãos orientais daquele tipo idêntico, saca, que dá um certo trabalho para distinguir um do outro. Isso constatado, alguém na mesa levantou a hipótese do Space Bar existir tão somente para lavar o dinheiro da Yakuza. O Reinaldo e o Zechiro contestaram, afirmando que os donos do bar eram coreanos:

"É tudo a mesma merda!" , eu disse na lata.
"Coreanos são muito diferentes de japoneses!", Reinaldo retrucou (apesar de ser negro e não ter nada a ver com isso).
"Esses porras tem tudo o olho puxado, é a mesma merda sim!" insisti.

A discussão continuou por aí. Eu ainda acredito que o Space Bar existe para lavar o dinheiro da máfia japonesa, e se um dia você, leitor, resolver comemorar seu aniversário lá, lembre-se: você estará colaborando com a Yakuza e de quebra se arriscando a adentrar as trevas da "Sala B". Aliás, acabei de me tocar: o nome do lugar é um trocadilho com a barra de espaço, a "space bar" do teclado. Putz, pseudo e nerd é o cúmulo total.

POST ESCROTAMENTE EDITADO

Esqueci de descrever o final da noite, a conclusão de ouro. Após todos irem embora, bebi como um gambá, dei em cima de duas bruxas do chat (tomando toco de ambas) e ainda cantei Legião urbana no videokê. O poço não tem fundo.