domingo, 13 de abril de 2003

Ah, por sinal: vão assistir Solaris, vale a pena. A versão russa vale a pena alugar tb, porque tem uma história mais desenvolvida e melhores atores (embora nem de longe a atriz principal seja tão gostosa), mas que quando a segunda fita termina vc pensa: "Porra, eles bem que podiam ter contado a essa estória em duas horas". Bem, melhor organizar esse post:

Solaris X Solaris





Dois filmes entitulados "Solaris", ambos baseados no fantástico livro do russo Stanislaw Lem (li quando era moleque e na época não entendi tudo, mas mesmo assim curti muito) estão disponíveis no mercado: nas locadoras mais completas, vc acha a produção soviética "Solaris", dirigido por Andrey Tarkovsky; em cartaz nos cinemas, está a produção Solaris, da 20TH Century Fox, dirigido por Steven Soderberg e produzido por James Cameron. Ambos contam a história da estação orbital próxima ao planeta Solaris, na qual estranhos fenômenos acontecem, que põem em cheque os conceitos usuais de morte, vida, amor, vontade e realidade (quanto menos eu contar, melhor).

O primeiro, chamado de “obra-prima” pelos pederastas e pseudointelectuais de plantão, sem dúvida é um ótimo filme. Assisti ano passado, em vídeo, e constatei que realmente é um filme com ótima direção (Andrei Tarkovsky), ótimas atuações, mas uma falha crucial: é um retumbante fracasso na tentativa de transmitir algo da profundidade filosófica do livro em que se baseia. Isso não seria nenhum grande pecado, se o fato não implicasse em um filme de quase quatro horas. Quando ele terminou, eu pensei: “ótimo filme, mas a história poderia ser contada em duas horas”.

O segundo, americano, fixa o enfoque da história no aspecto emocional, e não tenta abarcar a impossível tarefa de apresentar a profundidade filosófica de uma das maiores obras-primas da ficção científica. George Clooney atua bem (sendo que as bichas de plantão podem apreciar a demorada cena em que sua bunda é destaque), e em contrapartida também a gatíssima atriz Natascha McElhone mostra seus atributos físicos, embora possamos traçar um estranho paralelo entre ela e Arnold Schwarzenegger: ambos não conseguem encenar mais três ou quatro expressões faciais pré-definidas, e sua atuação se sustenta bem mais em seu físico que em qualquer outra coisa. Solaris de Soderberg e Cameron é um grande filme, que resvala nas questões filosóficas profundas abordadas pelo livro Solaris, mas sem a pretensão de desenvolvê-las de forma a entediar o público.

Para chocar os pseudointelectuais mas de verdade expressar minha opinião, digo que considerei a produção atual superior à russa; conta a estória muito bem em concisos noventa minutos, tem bons atores (a Natascha pode ser incompetente mas é muito gostosa) , bons cenários, ótima direção e excelente trilha sonora. A produção russa é um filme de arte mediano, ótimo mas fracassado em suas pretensões filosóficas; o Solaris americano é uma perfeita fusão entre ficção científica, romance e mistério. Não tem quaisquer furos de produção. É requintado sem ser pretensioso, e possui uma característica que hoje pode ser considerado valiosa: não abusa da computação gráfica para a construção das cenas, e a dispensa na construção dos cenários internos.

Ah: quem quiser uma crítica conseqüente e com ficha técnica, que procure no Google. Não vou ficar vasculhando para trazer detalhes obscuros idiotas para os oito leitores desse blog, tenho mais o que fazer, como, por exemplo, jogar aquele joguinho pedra do José que linkei antes.